quinta-feira, 9 de junho de 2016

Me expor, mas sem me expor de verdade

1- As pessoas normalmente me tomam como uma pessoa muito boa. É óbvio que eu não sou pelo simples fato de que ninguém é, apesar da maioria de nós nos esforçamos pra sermos o melhor que podemos ser. Eu fiz algumas escolhas ruins, me arrependo profundamente e queria voltar atrás pra ser melhor, mas essas escolhas me tornam uma pessoa mais real, me tornam humano e eu gosto um pouco disso.

2 - Eu sou extremamente grato pelo meu corpo. Todas as possibilidades incríveis que ele já me proporciou, toda a sensação de estar vivo que os sentidos me permitem são motivo de alegria diária. Eu tenho um desejo meio macabro de morrer de um jeito bem trágico num acidente de moto, pulando de paraquedas ou no mar, algo assim. No mar seria mais poético acho.. "And his body vanished among the waves..."

3 - Eu sei jogar razoavelmente bem uma variedade enorme de esportes e atividades corporais em geral. Sempre me dediquei a isso e mesmo nessa cidade de crianças criadas em cubículos, achei algum espaço pra fazer meu corpo doer e me viciar um pouco na endorfina.

4 - Tenho uma questão existencial gigantesca com o significado do amor e as suas múltiplas percepções pelas pessoas, acho que essa é de longe o meu maior objeto de reflexão. Acho que estou chegando a conclusão de que ele é algo único, não se ramifica (amor romântico, fraternal, incondicional, etc...) e nunca deixa de existir uma vez que nasce na alma de uma pessoa. Gera-se um vínculo indestrutível e atemporal, superior a qualquer outra manifestação humana no sentido de que não se submete a nada, é pleno.

5 - Encontrei uma companheira e chegamos num ponto dessa relação que não sei nem como começar a descrevê-la. O que é nítido é que quem eu sou é completamente indissociável de que quem ela é, não tem como manter a individualidade quando uma pessoa caminha ao seu lado do final da sua adolescência até o seu presente. Meu caráter foi moldado sob a influência da existência dela, tudo que eu sou é captado pela existência dela. Eu não sou eu sem ela.

6 - Minha família está numa fase de desconexões muito complexas... É um quadro bem difícil de definir porque pra mim foram uns 15 anos de sólida união de quatro pessoas e então a liquidez nos atingiu com a sutileza das águas e quase 10 anos depois desse processo de afastamento muito natural, eu não sei o que tirar disso. Não sei em que pé andam minhas relações com essas três pessoas que me apresentaram pro mundo. Não se trata de amor, ele já está totalmente sedimentado nas nossas almas. Mas de contato mesmo, visitas, ligações, olhares, surpresas, abraços, palavras doces e duras, afeto cotidiano. Não sei situar essas esferas nessas relações.

7 - Tenho uma vontade louca de fugir do mundo as vezes. É um aspecto da minha personalidade que prefere estar só, longe de toda a complexidade dos olhos e palavras humanas. Mas eu sou tão humano ao mesmo tempo, preciso tanto de olhar e ouvir cada pessoa que cruza meu caminho pra me pedir dinheiro, pra me ensinar alguma coisa, pra me contar do dia dela. Dói tanto, mas me é tão necessário.

8 - Tenho a tendência a divagar demais e sair da concretude do universo que me cerca.

9 - estou morrendo de sono.

10 - Deixo as coisas pela metade. Ou por 2/3.


Nenhum comentário:

Postar um comentário