segunda-feira, 22 de junho de 2015

Dói desconstruir conceitos incutidos em mentes vazias e abertas

As vezes dá dó desse blog, fica meses jogado na internet, desatualizado e parece que todas as coisas que eu escrevi são inúteis, sem sentido. Mas eu sei que não são e por isso, volto aqui. Esse blog é resultado de um fluxo de pensamentos que geralmente me acometem de madrugada (agora são 02h56) e não tem organização, coesão ou coerência. Isso ceifaria a essência dos meus pensamentos, o que seria uma mutilação pra mim.

Hoje eu tava vendo House of Cards e a cena em que a Claire e o gay que foi preso na Rússia discutem os casamentos deles me fez pensar, dado o contexto de relacionamento não-monogâmico do casal protagonista. Na verdade, foi um salto e não tem muito a ver com a conversa em si, que se relaciona mais à busca de um algo mais, uma experiência fora da união com aquela pessoa, porque aquilo é, teoricamente, pouco.

Só pra amarrar meu raciocínio, meu objetivo é modificar minha visão (se é que ela existe) em relação à monogamia. Premissa 1: É uma construção social, não um fato autoevidente de todo relacionamento "comum", categoria na qual inconscientemente encaixo meu relacionamento. E quando eu digo construção social, eu quero dizer que nem sempre foi assim e provavelmente a sociedade vai se modificar para não ser mais assim, a proibição da poligamia hoje existente vai cair. Com certeza e os relacionamentos não-monogâmicos vão ter reconhecimento da maioria das pessoas e então do Estado e do direito. É importante colocar também que a monogamia enquanto restrição do sexo a apenas uma pessoa encontra origens na concentração da propriedade em pequenos grupos familiares, raciocínio que com certeza eu vou aprimorar quando ler o livro do Engels "sobre a origem da propriedade privada, do estado e da família" ou algo assim

 Premissa 2: Eu quero me libertar da adequação inquestionada à monogamia, mas eu não quero me libertar de meu relacionamento monogâmico. Isso significa articular explicitamente um pacto de monogamia com minha companheira heteroafetiva? (hahaha primeira vez que eu vejo essa palavra) Talvez isso não seja necessário, talvez a desconstrução da monogamia seja apenas parte da desconstrução e construção de conceitos que em maior ou menor medida influencia a vida de todas nós.

O fato é que não foi uma escolha que eu fiz de viver um relacionamento assim, é o resultado de pressões existentes sobre nós dois que nos influenciam a tomar decisões e se apegar a estas decisões, ou mudar de ideia. E minha ideia é que eu quero ter consciência dos motivos que norteiam minhas atitudes, questioná-los como válidos ou não e tomar uma nova decisão de continuar ou parar. Assim também é a decisão de se comprometer a um casamento, a ter filhos, enfim, constituir família, no sentido institucional. Não tem como se imiscuir do meio em que nasci, minha presença aqui serve um propósito de aprendizado e evolução, não é sem sentido, eu acredito nisso como um princípio que rege a minha existência. Questionar o meu ambiente e, em alguma medida, modificá-lo, é parte disso.