quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Reflexões sobre o pindura

Existe um costume entre os estudantes de direito, o pindura. Ele surgiu há muitos anos quando donos de grandes restaurantes de São Paulo ofereciam refeições para os estudantes do Largo São Francisco. Eles faziam isso porque naquela época lá ficava o único curso de Direito da cidade e o primeiro do Brasil. Como o curso trazia grande prestígio pra São Paulo e os próprios estudantes eram quase sempre futuros clientes, os comerciantes angariavam futuros fregueses fiéis e era como que um agradecimento simbólico. Ainda mais no 11 de agosto, aniversário de fundação da faculdade, época em que eram oferecidas as refeições. Aí, os anos passaram. Outros cursos de Direito surgiram pela cidade e eles também passaram a participar. Aí, todo o sentido acabou se perdendo, começaram a abusar da gentileza e os donos de restaurantes pararam de oferecer as refeições. Essa é minha primeira crítica: Justifica-se o pindura pelo clamor à tradição, mas a tradição em si se esvaiu do significado inicial, então será que ainda faz sentido continuar fazendo? Outro ponto mais relevante: Eram os donos dos restaurantes que ofereciam as refeições, hoje não é mais assim. Os estudantes do largo e de mil e uma outras faculdades chegam nos restaurantes, comem e bebem (pra caralho, via de regra) e depois anunciam que não vão pagar. Uma coisa é valorizar as tradições na sua faculdade, com sua faculdade, na rua, na puta que pariu com a galera da faculdade ou com quem tá a fim de participar das tradições. Outra coisa é você entrar dentro de um lugar e tentar impor a sua tradição pra pessoas que não tão nem aí pra ela. O respeito tem que ser o cartão de visitas, no mínimo. Cada um faz o que quiser, mas não vem me falar que uma prática totalmente deturpada é tradição. Criemos novas tradições, valorizemo-nos, sempre com um sorriso no rosto, ainda que malicioso, mas sem impor nada pra ninguém.

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